Nem sei qual deveria ser o título

1 críticas

Era uma vez um mundo onde as pessoas
Esta que até poderia ser uma boa ideia e que me poderia levar a algum lado interessante, mais para um que para outros, mas agora não estou com disposição para falar sobre isso. Porque, afinal, eu não sei nada da vida, ou tão pouco que pode encaixar numa qualquer metáfora ou hipérbole, comparativas e diminutivas, ou seja, sei coisa nenhuma da vida.
Bom, porque, afinal, a vida é feita também de sacrifícios e somos todos mártires e eu não quero perceber isso porque tenho preguiça e não gosto de. E porque os tenho de fazer, porque todos temos.
O que eu gostava de ter era alguma vontade de viver, era algum objectivo neste mundo
Era dançar à chuva sem ser olhada de lado
Era dançar à chuva e parecer linda, artística e alegre, como parecem nos filmes
Era dançar e parecer louca, mas a loucura ser algo bom, porque, afinal,
Era acabar o que começo
E era não dançar sozinha, não quero invejas, só quero dançar à chuva e à Lua, à luz da Lua e à sombra da Lua, sem que ninguém me aborreça com olhares ou risadas
O que eu adorava era não estar tudo categorizado e mandado
Gostava que não fossemos autómatos a responder às normas sociais,
Gostava que fossemos todos loucos
LOUCOS
LOUCOS!
Mas tristes são estes dias, tenho de ver tudo com a minha calma, perfeitamente serena, estranhamente compreensiva. Tenho de estar no meu lugar e fazer como me mandam.
Então vamos todos acorrer ao masoquismo que, no fundo, esses sacrifícios que nos clamam são puramente egoístas.
Faria um sacrifício por alguém que precisasse de um?

Faria?

Eu sou tão egoísta e mimada, tal como esperam de uma filha única como eu.
Eu sou tão obediente e bem comportada e nunca passo os limites e nunca falo demasiado, aliás, nunca falo,
eu nunca
eu nunca
Eu nunca tenho os pensamentos que era suposto ter.
Podem fazer de mim a vossa marioneta, mas nunca deixarei de ser a minha alma e a minha consciência e isso nunca saberão domar.
A menos que consigam.
Nesse caso, pobre, triste de mim.
Estarei vazia da personalidade que foi e tudo o que fizer vai ser falso, não fingido, falso.
Pobre eu que perdi uma amiga.
Precisava tanto de ti, agora.

Poço dos desejos

1 críticas

As histórias que vamos ouvindo que já há muito se passaram
São histórias não nossas que contaram aos avós dos nossos avós
Que nunca souberam quem somos nós

Porque longínquos que tão longínquos que nós estávamos...

A nós nos perguntam, porém, as nossas histórias
Ser velho mal ajuda a conhecer,
Porque descobridores são as gerações que vêm

Que amam aqueles que andam
Que nadam pelo gelo e nada e puro e céu triste

E oh, que triste,
Que tristeza deslumbrante a do fogo do nada,

Do fogo gelado e cristalino,
Das pétalas que caem constantemente
No fundo do poço
Espreito

Espreito
Empoleirada,
Como se tivesse cinco anos
E grito para o fundo
Do fundo da minha alma

-JÁ VOU TER CONTIGO!

Do fundo da minha alma,
Grito para o fundo do poço,

-ESPERA POR MIM!

E do fundo da alma,
Deixo-me atrair para o fundo
Estou a cair,
Estou caindo,
Estou no fundo do poço.

Trecho do Suicídio

0 críticas

Escrever e escrever sobre a escrita e sobre o escrito, quão redundante é, mas é o que sobra. Assim passo dias e dias, assim o meu tempo se passa, porque nada nele faz sentido. Vivo a vida apenas para morrer, pouco importa o que faça ou diga ou sequer escreva, pouco importa tudo, porque no fim irei morrer e no fim nada há-de importar. Viver a vida até ao fim, esperar pela morte, é penoso, como atravessar uma febre ou um deserto ao sol. O pior, é que me impõem este sofrimento, não me deixam morrer já. Pouco me importa o que dizem, porém, não poderia ignorar o sofrimento da minha família. É a consequência desta idade e destes tempos modernos, em que as pessoas demoram ainda mais a morrer, curam-lhes tudo. Em suma, tenho uma família viva que desesperava se eu morresse. Ignorá-los é uma opção, mas como posso tapar os ouvidos aos soluços da meia-noite, como encolher os ombros às lágrimas incessantes de pais sem filhos? Não consigo e com eles vivendo lá me vou conformando com a minha triste sorte, esperando a vez deles para depois provocar a minha.
Há quem diga que é preciso estar muito à beira do desespero ou não ter amor à vida. Posso desmenti-lo já: amo a vida e não desespero assim tanto, simplesmente vejo que não há nada que se possa somar a tudo, o fim será sempre o mesmo, as alegrias passam rapidamente, a dor mantém-se constante ao longo do tempo, a alegria é cada vez menos, a dor cada vez maior.
Se eu for o sentido da vida dos meus pais, que eles mal conseguissem continuar sem mim, só significava que até a vida deles já não tinha o sentido deles. Continuar a viver a partir da existência de alguém que deixamos só revela o quão pouco estamos preparados. A morte está sempre à espreita e é real e é quando menos se espera que atinge. Por isso a espero de braços abertos, sabendo que poderia continuar a viver mesmo depois de todos terem morrido, se quisesse viver. Assim, como não quero, é a morte dos outros que espero. Se ela me apanhar primeiro, será por acidente e a única coisa que posso esperar é ter a noção de que a minha hora está a chegar, para poder saborear a doce certeza de que a minha existência há-de cessar por completo.
Também se diz que é estupidez. O que eu acho é que é a decisão consciente mais importante da vida de alguém, achar se viver vale ou não a pena, para que se possa construir tudo a partir disso. O que eu acho é que a nossa vida deveria ser só nossa e que ninguém deveria interferir na decisão de decidir continuar ou não vivo. Tanto pior, os preconceitos não deveriam ser transmitidos com tanta facilidade por gerações. E nunca, nunca, o suicídio de uma rapariga de quase 18 anos deveria suscitar mais choque e falatório que a violação de uma rapariga de 16.
Só mostra o quanto as mentes das pessoas são fechadas e tamanha que é a preguiça de pensar por si mesmo. Demonstra a decadência deste povo. Pobres de nós se alguma vez se pudesse proibir o suicídio.

Delovina

1 críticas

Eu sei que vocês ainda não sabem quem é a Delovina, mas se tudo correr bem, não vai faltar muito para que a conheçam.

Esta é a música que lhe dediquei ;)

Tocada e composta por mim, ao piano, ainda não é a versão definitiva.
(O desenho também é meu :p)

Boas Mortes

1 críticas

Boas notícias, óptimas notícias, excelentes, fenomenais, indescritivelmente agradáveis.
Parece que o mundo vai acabar dentro de uma semana. Semana que vem, não serei mais pessoa e, então, serei a pessoa mais feliz que alguma vez em tempo algum existiu.
-Tem a certeza, senhor doutor?
-Eu lamento imenso, é irremediável e irreversível.

Magico em tudo o que posso fazer. Matar-me já é uma tentação bastante grande, avizinha-se como um sonho antigo espreitando e fazendo-me as delícias. Mas não devo morrer já. Esta morte não é minha, ainda. A data do nosso casamento já está marcada, o dia em que te vou aprisionar-te em meus braços e beijar-te docemente, triste, amiga morte.
Poderia matar-me já, sim, podia, abreviar o tempo de espera, mas este tortuoso mundo também reserva estranhas condições. Com uma semana apenas, parece que a criatividade excede os limites do possível, do que antes era possível.
Saio do meu triste apartamento com um sorriso na face, com o sorriso de quem sabe que vai morrer em breve.
O Sol refugiado atrás das nuvens brilha com muito mais intensidade e hoje é apenas meu. Comigo levo pouca coisa. A carteira, a caneta e o bloco de notas. Corro para o autocarro que me há-de levar à estação. Caminho sobre os carris do caminho de ferro com o equilíbrio de outros dias. À minha volta, as pessoas preocupam-se e deixam a urgência tomar conta dos seus rostos, as caras ficam deformadas e eu rio.
A triste sorte seria somente o não poder fazer nada, estar impedida pelo meu corpo de ir a lado algum e ainda assim se poderia fazer algo, escrever e viajar na mente.
Mas, felizmente, tenho esta porção de tempo e vou fugir com ela.

Aqui, além, mais além, que importa, esta semana é minha.

Saio no comboio rumo a uma cidade por conhecer. Telefonei-lhe de casa, ele deve estar à minha espera. À minha espera. Vejo a paisagem e absorvo-lhe cada traço, apesar de ir tão depressa. Já vi tudo isto noutros lugares, quase com a mesma forma, mas nunca perde o brilho, o esplendor e a essência de ser. Adoro ver a paisagem, nesta viagem particularmente, nesta viagem sabe bem, porque eu vou para parte incerta, vou para o desconhecido fazer tudo.
Tenho uma semana, tenho tudo. Tenho corpo ainda com forças, tenho tudo. Tenho companhia, tenho tudo. Tenho dinheiro como mo exigem estes tempos modernos, tenho tudo.
Se desço do comboio ou voo ainda pela janela, não sei. Acho que voo. Ele está à minha espera, corremos num abraço apertado.
Tenho uma semana, tenho companhia, tenho o mundo, tenho tudo.
Apanhamos um táxi porque estou farta de autocarros e de esperar e de parar em todo o lado. O meu tempo é todo mas todo não é assim tanto para quem tem uma semana. Vamos para o aeroporto, o grande centro dos aviões, não há tempo a perder.
A planar, sobre as nuvens, nós seguimos.
-WEEEEEEEE, fazem os meus braços, imitando o movimento de um avião exagerado, sou criança de novo, criança que vai atrás de paisagens.
Aquela terra nova, estrangeira, está coberta de frio e de gelo.

Palavrão Negro da Loucura

1 críticas

Apetece-me dizer um palavrão, daqueles altos que se diz chocar muita gente, daqueles bem cá do fundo porque estou farta de existir calada. Apetece-me gritar a podridão e decadência, a dor de cabeça e as larvas entranhadas, e as feridas não saradas e as merdas que as lágrimas não lavam. Por isto tudo quero dizer que nada que coise, fogo, estou farta, bem farta, vou dizê-lo, vou gritá-lo, bem alto para que todos me ouçam,
BIZARRO!
Vou repeti-lo para o caso de não me terem ouvido,
BIZARRO!!!!

Que treta de vida e de emoções e de instintos, perfeitamente parvos e caquécticos, decadentes, cadavéricos. Que inconstistência do ser que me obrigam a ser, odeio-vos profunda e eternamente e convosco podem bem levar as vossas regras, normas, leis e morais, eu quero que vós todos se

BIZARREM!

Porque estou farta, fartíssima do comum, desnaturado comum, não mais vos posso suportar, dor de cabeça tremenda, odeio-vos genuinamente,

BIZARREM-SE!

Eu sou BIZARRA e com tanto orgulho de não vos parecer bem, eu sou um ser tentando erguer-se dos escombros a que nos conduziram, tento fugir da prisão onde nos aprisionaram, tento metaformear-me das literais mentiras que constroem e nos fazem engolir e assim

BIZARRA

Assim BIZARRA não há ninguém que possa fazer frente nem regras nem lavagens cerebrais, porque nada faz sentido, porque tudo é

BIZARRO

Por isso façam-me um favor e

BIZARREM-SE!!!

Oh, poor girl

0 críticas

(Sorry about the bad english)


Stupid, silly girl
Why do you keep doing this to you?
You know that it will be worse anyway
Why do you insist playing this game?
Stupid, silly girl
Stupid, in love girl

You love nobody, I can tell you
That is true
But you don't hear a word
You just want to love
You just, you just.

You think you need it, maybe,
Yes, maybe you need it.

But who would ever love you?

You are a good girl, good friend, good sister.
But love you? I'm sorry, it can't happen.

You're just not that one.
You were made to live alone
And now your learning
What happens
When we do things
We were not
Supposed to.

Girl, your like dead inside
You play dead
While you play some music

Your soul is dead, isn't
Like you feel?

À procura de concentração

0 críticas

estou à procura de concentracção
e de um tema
basta uma frase
basta a primeira
para aparecer tudo
como uma torneira mal fechada
que não quer parar
e por vezes
por coisas simples
um mero pensamento
um erro, riscar, voltar atrás
e essa torneira já fechou sem vermos
e queremos voltar mas já não dá
forçamos, mas está enferrujada
e a isso ainda não se chama bloqueio
deve ser perder o fio à meada
bloqueio é mil vezes pior
é sentires-te numa bola enorme e oca e tudo está longe
és só tu e o vazio
e a folha branca, em vez de promessas
das promessas que normalmente te traz
a folha branca é uma sentença de morte
morte do escritor
folha branca, condenada a ser branca para a eternidade
e tu chegas com a caneta e a caneta foge-te, tu dás voltas à cabeça, mas os pensamentos páram
tu fazes um movimento automático de levar a caneta à folha
e a folha parece troçar de ti...

To you, my love

0 críticas

Espero estar viva quando chegares. Estou à tua espera à tanto tempo... Eu jurei que ia esperar por ti. Talvez por te ter abandonado sem dizer nada, uma palavra que fosse. Eu tinha medo porque não sabia nada. Nada sabia e agora sei muito. Sei o bastante. O bastante para não ter medo de dizer, amo-te. Espero estar viva quando chegares. Porque viver entristece-me e julgo que não vou continuar assim muito mais. Acho que não vou aguentar muito mais. E seria tão triste se chegasses à minha beira demasiado tarde. Tão enternecedoramente triste, porque nunca vi um rapaz a chorar. Seria tão triste não te poder ouvir a pedires desculpa por teres chegado tarde de mais. Não, tu nunca saberás quem eu sou. Isto sou eu que me iludo na ilusão de que um dia tu e eu pudessemos partilhar alguma coisa. Mas quem eu sou mal eu sei e tu também não queres saber, apenas finges que sim, enquanto viras a cara para o lado para ver que mais linda menina e muito mais interessante aí vem, uma menina que sabe como se vestir e como se comportar, tão ao contrário de mim. E assim fui embora porque não nos suporto mais. Amo-te mais que devia. Amo-te, por que hei-de amar-te? Adeus. Vou só espreitar pela janela para ver se lá vens. Não, a janela só está cheia da minha respiração, naquele embaciado escrevo uma última palavra que ninguém compreenderá, uma palavra que não faz sentido, estranha e bizarra, essa palavra está lá e é só uma e diz quem eu sou, quem eu sou numa palavra. Tu não vens, não estarei viva quando chegares porque me resta pouco tempo, porque eu já só sou uma sombra. Mas amo-te. Até que a morte, bendita amiga, me separe de este corpo, trapo, tão cheio de emoções e de sensações. Até lá, amo-te, mesmo que não chegues. E a palavra ficou gravada na janela, está lá se a quiseres ver, se me quiseres ver. Até sempre, que esse nunca chegará.

Pseudo-livro

0 críticas

Por mim. Aqui: http://aleatorionaoexiste.blogs.sapo.pt/1449.html