Repetindo o repetido

A chuva cai, calma,
As gotas despedaçam-se no chão,
desfiguradas...
O alegre conforto relaxante da chuva entra janela adentro e inunda-me em cheiros e sensações.

Quero voltar às origens.
Quero chorar infinitamente com a chuva.

Pedaços de nuvens agarram-se às coisas normais do mundo. Mundânices urbanas, quaisquer coisas banais. Encharcam-se as árvores e os panos e o chão, as poças formam-se em formas disformes de salpicos. Os putos chapinham em gargalhadas de puro deleite, os mais crescidos repreendem-nos. Entro em crise de choro de depressão. Afinal, é à minha volta que tudo se desmorona, que tudo se desfaz. Agarro esses pedaços de réstias do que sobra, mas não é nada, mas que não é nada, entro em desespero e choro porque não tenho onde me agarrar! Não tenho a quem me agarrar... ela escapou-se-me em estilhaços por entre os dedos, caio de joelhos e não tenho vontade de fazer nada, não tenho vontade de continuar.
Dão-me empurrões e abanões para acordar.
Não me alegram, porém.
Eu não posso ser alegrada.