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22 de Abril de 2009


Diário

Caravelas d'ouro. Cachos dourados à luz do Sol.
Do Sol que vai caindo na água, do mar, trazendo salpicos da luz dourada, reflectidamente espelhada.
Some-se o dia. Com vista para o Douro.

Noite

A eficácia das nuvens enfeitiça as estrelas com veludo negro;
e o mundo se embrenha na escuridão.
Não há Lua, não há estrelas, não há cidade, em suma, não há luz.
Escuridão angelical dá descanso aos meus olhos, que não fecho.
Desfruto do escuro.
Espanta-me a luz, não o escuro.
A pergunta não é como come o escuro a luz.
Estou à beira do Douro, mas poderia estar em qualquer lado, veria o mesmo.

Pedido de desculpas

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Desculpa se não fico extasiada com as roupas da última moda.
Desculpa se não sei todos os nomes da maquilhagem.
Desculpa se não conheço as músicas do momento.
Para ter roupas, tenho o meu armário. Desculpa não as ter na cabeça, tenho-a cheia de cultura.
Desculpa se prefiro música clássica a barulho, se prefiro queen a D'ZRT, se prefiro Jorge Palma a Tony Carreira.
Desculpa se odeio discotecas, se não gosto de sair com os amigos, se não trago ninguém a casa, se não tenho namorado.
Desculpa não ser uma vulgar adolescente de 17 anos, se não gosto de cumprir com os esteriótipos.
Desculpa se prefiro a loucura à droga, se gosto de revirar o mundo, se gosto de ESCREVER quando não "devia" (quando não seria suposto...).
Perdoa-me por nunca ter gostado de princesas.
Perdoa-me por ser tão diferente dos outros, de ti, de não me conseguires compreender e de não existirem livros a explicarem-me.
Há coisas que me custam, mas vai-se vivendo.

Balançando [entre o desespero e a esperança]

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[Depois de ler a Mensagem de Fernando Pessoa: a minha interpretação conjugada com a sua aplicação à minha Pessoa.] 

Esperar por grandeza 
É como esperar D. Sebastião 
Esperar é ter a certeza, 
Especialmente, esperar por grandeza, 
Que ver chegar tal beleza 
Há-de valer os minutos que passarão. 

Esperando, tenho esperança 
De que chegue o que não irá chegar 
Porque todos são tempos de mudança 
E a grandeza ergue-se, balança, 
(Maio de 69 na lembrança, 
Mas Portugal, assim, não avança.) 
Ter esperança é saber esperar. 

O nevoeiro de El-Rei espero, 
Mas no nevoeiro já está Portugal. 
Então, suspiro e desespero 
Farta de esperar, pondero: 
Não há grandeza, está tudo mal! 
Acorda, acorda(,) Portugal! 

Esperar por grandeza d’alma 
É como esperar D. Sebastião: 
Ter esperança sem justificação. 

Finito.

Viajar por aí

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Fazer a mala.
Empacotar a vida num caixote que custou os olhos [da cara].
A vida presente, supostamente, volto em breve.
Pelo que a caixa de sapatos onde encrava a minha vida desde pequena fica cá.
Espero voltar. É sempre bom vir morrer à nossa terra.

*

Fazer a mala.
Empacotar a vida, mas que vida?
Mudas, roupas, que vida mais podre!
Não há remédio.
Cingir a vida a uma mala partilhada por três.
A 23 kg divididos por três. [Nem lá perto chega.]
Os textos não vão na mala. Vão comigo
na mochila.
Assim sendo a minha vida não vai na mala.
Vai às costas.

*

Amanhã.
Andar de avião.
como aqueles que se veem passar no céu.
lá altos, ao pé das estrelas
ao pé das estrelas...
que versão bonita (distorcida)
vou voar, mas acho que não vou voar.
Vou apanhar boleia de um bicho voante.
Como subir às costas de um pássaro.
Não vale.
Também não valem dois valores a menos.
Vou voar mas não sou eu que voo.
Se voasse tinha de ser a fazer força.
Asa delta é mais voar que
de avião.

Estrear-me de avião.
Nunca andei.

*

Eles já lá estaram quando eu sair de cá.
Mas eu fico mais tempo.
A ver se nos vemos.
[Espero que sim]

*

Acho que estou mais pela viagem que pelo objectivo.
Aah!

Quero ver o que essa tal cidade me vai trazer.

BEIJINHOS PARA OS QUE FICAM!

*

Empacotar a vida numa mala.
A vida não, as vestes, que a vida vai às costas.
(60 e poucos textos.)
Aqueles que deixo...

Jo-So um xi, gosti.
Teruxka, porta-te e cuida-te (e defende-te). Quero ver-te quando voltar.

[Que é isto? Uma carta de despedida?]

Ybs, bichinho-da-seda, que te diga?, beijinhos.
Xico, 3ooo anos passam depressa.

Até quando vos veja a todos vós e aos restantes, não mencionados.
(Se voltar, respondo-me.)