Fazer a mala.
Empacotar a vida num caixote que custou os olhos [da cara].
A vida presente, supostamente, volto em breve.
Pelo que a caixa de sapatos onde encrava a minha vida desde pequena fica cá.
Espero voltar. É sempre bom vir morrer à nossa terra.
*
Fazer a mala.
Empacotar a vida, mas que vida?
Mudas, roupas, que vida mais podre!
Não há remédio.
Cingir a vida a uma mala partilhada por três.
A 23 kg divididos por três. [Nem lá perto chega.]
Os textos não vão na mala. Vão comigo
na mochila.
Assim sendo a minha vida não vai na mala.
Vai às costas.
*
Amanhã.
Andar de avião.
como aqueles que se veem passar no céu.
lá altos, ao pé das estrelas
ao pé das estrelas...
que versão bonita (distorcida)
vou voar, mas acho que não vou voar.
Vou apanhar boleia de um bicho voante.
Como subir às costas de um pássaro.
Não vale.
Também não valem dois valores a menos.
Vou voar mas não sou eu que voo.
Se voasse tinha de ser a fazer força.
Asa delta é mais voar que
de avião.
Estrear-me de avião.
Nunca andei.
*
Eles já lá estaram quando eu sair de cá.
Mas eu fico mais tempo.
A ver se nos vemos.
[Espero que sim]
*
Acho que estou mais pela viagem que pelo objectivo.
Aah!
Quero ver o que essa tal cidade me vai trazer.
BEIJINHOS PARA OS QUE FICAM!
*
Empacotar a vida numa mala.
A vida não, as vestes, que a vida vai às costas.
(60 e poucos textos.)
Aqueles que deixo...
Jo-So um xi, gosti.
Teruxka, porta-te e cuida-te (e defende-te). Quero ver-te quando voltar.
[Que é isto? Uma carta de despedida?]
Ybs, bichinho-da-seda, que te diga?, beijinhos.
Xico, 3ooo anos passam depressa.
Até quando vos veja a todos vós e aos restantes, não mencionados.
(Se voltar, respondo-me.)
Viajar por aí
AGMatos
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