To you, my love

Espero estar viva quando chegares. Estou à tua espera à tanto tempo... Eu jurei que ia esperar por ti. Talvez por te ter abandonado sem dizer nada, uma palavra que fosse. Eu tinha medo porque não sabia nada. Nada sabia e agora sei muito. Sei o bastante. O bastante para não ter medo de dizer, amo-te. Espero estar viva quando chegares. Porque viver entristece-me e julgo que não vou continuar assim muito mais. Acho que não vou aguentar muito mais. E seria tão triste se chegasses à minha beira demasiado tarde. Tão enternecedoramente triste, porque nunca vi um rapaz a chorar. Seria tão triste não te poder ouvir a pedires desculpa por teres chegado tarde de mais. Não, tu nunca saberás quem eu sou. Isto sou eu que me iludo na ilusão de que um dia tu e eu pudessemos partilhar alguma coisa. Mas quem eu sou mal eu sei e tu também não queres saber, apenas finges que sim, enquanto viras a cara para o lado para ver que mais linda menina e muito mais interessante aí vem, uma menina que sabe como se vestir e como se comportar, tão ao contrário de mim. E assim fui embora porque não nos suporto mais. Amo-te mais que devia. Amo-te, por que hei-de amar-te? Adeus. Vou só espreitar pela janela para ver se lá vens. Não, a janela só está cheia da minha respiração, naquele embaciado escrevo uma última palavra que ninguém compreenderá, uma palavra que não faz sentido, estranha e bizarra, essa palavra está lá e é só uma e diz quem eu sou, quem eu sou numa palavra. Tu não vens, não estarei viva quando chegares porque me resta pouco tempo, porque eu já só sou uma sombra. Mas amo-te. Até que a morte, bendita amiga, me separe de este corpo, trapo, tão cheio de emoções e de sensações. Até lá, amo-te, mesmo que não chegues. E a palavra ficou gravada na janela, está lá se a quiseres ver, se me quiseres ver. Até sempre, que esse nunca chegará.