Já és mais velha que ela, quando morreu.
E que fizeste da tua vida e da vida dos outros? Em que inovaste? Quando pensaste? Quando é que o teu espaço de vivências, já tão extenso, quanta vida tanta vida, já tão vivida, ultrapassou, marcou, foi mais que o simples recorte de outros já experimentados, já feitos?
Já és mais velha, já és velha. E tudo o que fizeste foi nada. Estás à espera de quê para partir à caça da vida? Quais os teus anos dourados? A infância? A juventude? Entras nos 20's, nos 30's, nos 40's. Entras nos 50's, velha. Estás à espera de quê?, bolas!, sempre tão parada, a olhar para a roupa que vais vestir amanhã, sempre a ver qual o aspecto da tua filha, essa asquerosa feia, que não se sabe vestir e só se preocupa com os livros e com as coisas inúteis lá da escola, com as matemáticas que não servem para nada, com as programações, sempre as máquinas, sempre os computadores, se arrumasses era o teu quarto e te vestisses como deve ser...