Mãe Coimbra, Guimarães Madrinha


De volta a Coimbra, quer-me parecer que os dias que estive em Guimarães foram num lugar tão distante que é quase um milagre estar aqui. Como que se o berço de Portugal fosse na distante China, na vertigem da Austrália, e o apagar da realidade consome-me. Coimbra abraça-me, mãe que me acarinha, uma vez mais, depois desta longa jornada. Até parece, mãe, que estive muito longe, se em duas horas voltei. Lousã, que era casa, Coimbra, que passou a ser casa, Guimarães, que casa é, em tão pouco tempo. Este nada de que preciso para tomar a vaga iniciativa de viajar. Nenhuma viagem é pequena - nenhuma viagem é grande. Santiago repete-se, na memória, tal como mil e uma outras recordações. Do que me leva, em passos, em comboios, em autocarros, sem tirar o dedo da tecla, a mão do lápis, os olhos do caderno. A forma é sempre a mesma. Um começo. Uma novidade. Os medos, a frescura. A liberdade, a independência. Acabei de ver a Maria Valverde passar, - aparte, para afirmar o meu deslumbramento. O NaNoWriMo está aí. Eu sem ideias. Em breve, terei de estudar e trabalhar e escrever 1300 palavras por dia. E eu a desviar o assunto. Estava a falar de Guimarães e da viagem de Guimarães por causa de uma epígrafe de que me lembrei na Fnac e que agora se esvaiu, agora, pois então, já não há texto, quando mais NaNo, quanto mais livro. Quanto mais.
Quer-me parecer que os dias da Nova China estão a ser demasiado dourados - ou sou eu que sei aproveitá-los demasiado bem, ou nunca tive tal liberdade, ou tem tudo a ver comigo, enfim, há qualquer coisa que deixa uma certa afinidade entre mim e a cidade berço. A beleza da baixa, os traços prontos a ser desenhados, as calçadas prontas a integrar páginas de romances, mistérios, contos. É esta a magia de Guimarães, a minha magia com Guimarães.