Outro bilhete de eterno adeus

Se hoje morrer, quero pedir desculpa por tantas coisas:
por livros que não li;
por livros que não escrevi;
pela pessoa que seria nos anos futuros - e que sei que seria boa pessoa, sei que seria eu;
por ser tão fraca que não aguente a pressão, as pequenas coisas que vão acumulando com as grandes e fazem mundos desabar.

Se hoje morrer, tenho de acrescentar uma verdade:
estava destinado,
já há muito,
muito antes de tudo cair por terra,
já que em pequena me perguntava,
"porquê eu? por que vim a nascer e não qualquer outra pessoa no meu lugar, qualquer outra consciência?"

Se hoje morrer, nunca fui forte, a não ser quando lia, quando vivia na minha imaginação, quando fugia para o único mundo que conhecia.

Se hoje morrer é porque nunca fui feita para viver.