Natural

Vejo pequenas estátuas douradas feitas de trigo. O pão é o nosso ouro. O nosso dinheiro, a nossa vida.
É tudo o que temos.

Vejo um imenso azulejo de lápis-lazuli. O céu é o nosso azul.

O fogo os nossos ruis, a verdura as nossas esmeraldas.

A água cristalina são os nossos diamantes.

A névoa é um véu de prata.

Para quê procurar pelos recantos e profundezas do mundo se a riqueza abunda à superfície?
O pequeno lince fita-me com cautela. Estendo-lhe a mão e imobilizo-me. Espero. Ele avança com pequenos passos e atreve-se a aproximar o focinho. Fecho os olhos e reabro um pouco apenas. Mal respiro.
Atrás de mim, um ramo é partido por um coelhinho e esse som basta para o felino virar-se e fugir de mim.

O meu verdadeiro tesouro era ser capaz de acariciá-lo.

1 críticas: (+add yours?)

Fii disse...

Bela escrita. PArabéns pela forma bonita como escreves.