A vida - pessimismo realista - 12.11

A vida não vale a pena.

E esta é a triste verdade de todas as coisas.

A vida não vale a pena. E não podemos fugir dela.

Mas, oh triste e vã esperança de um sentido, só que não existe.

Não há mais que oco. Oco. Oco. É o fim mas não é o fim. Querias fim, mas não podes.

A vida não vale a pena. E tu nada podes fazer. A vida foge por entre os dedos.

Querias tu. Mas não. Tens de a viver e sofrer com os outros.

Tens de ir com os outros sofredores. A adivinhares o final.

E tu já só vês o final. Só queres fim. Finito.

Mas finito não há. Não mais.

É uma tormenta.

É tortura.

É a tua desgraça.

Em forma de corpo e carcaça física.

Em forma de átomos, de vasos e sangue,

De frescos químicos à força da electricidade.

De vontade vontade vontade. Só que vontade não há.

Porque a vida não vale a pena e a vida está fora de moda.

E tu sabes e não queres mais, só que isso era egoísta e as pessoas.

Oh, as pessoas. Como mandam e são cegas e buscam sentido que não há.

E, assim, encaixam em modelos de sentido por outros ditados, sentido que não há

E muito menos é verdadeiro. Encaixam e os modelos dizem que vale sim a pena

Então repudiam-nos pelo nosso pensamento e chamam-nos egoístas

E nós não podemos partir sem eles, porque seriamos egoístas.

Eu quero, mas não posso, eu quero e não aguento.

Eu tenho de aguentar. De cabeça baixa,

Para sempre caloira da vida.

Sempre a perder.

Sempre perdida.

Sempre na merda.

Sempre cumprindo.

Sempre mobilizada.

Sempre chorando.

Para sempre viva.

Mas que vida?