A história daquele dia

Fugi.
Faltei a laboratórios e teóricas obrigatórias.
Apanhei o primeiro comboio. O primeiro comboio que me havia de levar a Lisboa.
Fugi
Fugi porque é isso que quero para a minha vida. Ser clandestina da sociedade. Sou uma viajante. E uma romântica. Fui a Lisboa ter com ele. Que bem me faz? Para o curso, para os meus pais, para a minha vida, para tudo? Que mal me faz? Que consequências terá tudo isto? Em menos de nada, estarei a magoar alguém, os meus pais vão ficar desiludidos, vou-me magoar, não vou ter amigos, não vou ter família, vou cair no desemprego, a sociedade não me aceitará. Enfim. Que loucura. Não tenho o direito de tentar ir atrás dos meus sonhos? Uma vida estável não me seduz. Sou dos viajantes, dos clandestinos nos supermercados, no povo das estações de comboio. Eu sou nómada. "Conheces o nome que te deram. Não conheces o nome que tens."