Despedidas (até quando?)

Tenho de dizer e não quero, volto ao mesmo que dizia antes, arranjo mais um pretexto.


Tenho de dizer, porque, se não o disser, ainda será mais doloroso.

A despedida tem de ser feita, mas eu não quero dizer adeus.

Porém, a despedida será, quer eu diga adeus quer me cale.

Então digo, antes que seja tarde demais.

Um dia não terá mais de ser assim, pois não?
Mas receio esse dia ainda mais.
Porque não sei o que será dele.

Receio esse dia por chegar, com um medo incontrolável, semeado de perguntas.

E se os meus receios se confirmarem?
O que será de mim?
O que será de mim?

Bolas, tenho medo.
Estou com um medo danado.

Estou com um medo danado que cada despedida seja a última
a última da espécie
a última ainda-gosto-de-ti.


Não estamos todos?
Outra vez, então:

Boa noite, mundo.
Boa noite, Sol.
Boa noite, comboio.
Boa noite, olhos abertos.
Boa noite, lucidez.
Boa noite, .