A intensidade luminosa é inconstante, a Lua reflectindo a do Sol, lá no céu tom azul-claro matinal. Lua, entre as nuvens, sobre os montes, surpreendendo toda a gente...
A crueza da frescura... a beleza do toque gélido da brisa que me abraça e eu respiro-a e sabe bem.
Manhãs tão frescas e doces e são minhas e adoro-as e não quero mais nada. Pelo menos, nada para acrescentar a tão perfeitas manhãs.
"As nuvens erguem-se como vagas atrás dos montes. Nuvens viajam apressadas, como comboios em sonhos."
Primeiro, as nuvens são cinza e o céu é branco.
Depois, mudam para laranja e, por último, para azul. E eu vejo-as do meu quarto.
E o vento... como que uma promessa.
Vento chamando e arrastando, dando movimento ao eterno estático, o vento despenteando as árvores, o vento despenteando-me os cabelos, provocando-me, "Onde foste deixar a tua liberdade?", parece perguntar, parece rir-se, parece troçar, mas é só ar, é só ar...
Abandonando outras terras, sobre carris, sobrevoando o Ceira e o Mondego, chego, por fim, à cidade.
Desembarco com as outras formigas, ao sabor do ar natural com o lixo do fumo.
Adoro o som das campainhas das cancelas, dando sentido, apenas, à existência de comboios e de pessoas, os carros estão parados no tempo, aprisionados nas estradas, condenados à imobilidade.
Como adoro estas manhãs!
Que diferença, ser ou não ser, ver, como eu, uma cidade bonita, se pintada de frio...
E, num auditório, revendo Química, quão belo é ver a chuva, lá fora, limpando e refrescando e regando Coimbra.
E o Sol, despontando... pela primeira vez hoje...
Que prenúncio de bom dia!
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