E, um dia vamos afogar em terras que caminham e escondidos em mantos, porque ninguém nos consegue ver. Mas nós não vamos escondidos, vamos clamando o nosso ser, então porque não nos vêem? Não somos nós que vamos escondidos, são os olhos deles. Vão cobertos em preconceito. E nós vivemos em harmonia e eles nada conseguem e nada vêem. Nós sorrimos e por dentro choramos. É que as pessoas lavadas no que vão lavadas não vêem não só nós mas o mundo todo, o mundo de miséria que se estende a estes confins de pálidos desertos. É que as pessoas vivem em esferas espelhadas e é que as pessoas querem viver em férias e não sabem de quê e não gostam de nada e não ajudam ninguém e fecham os olhos, mais, cerram-nos com força de quem não quer ver. E mais, tentam obstruir a vista de quem vê e fazem da ajuda um estereótipo para dar a ilusão aos descontentes de fechar os olhos, uma ilusão de que ajudam, mas, sabes que mais, ajudam uma merda e encolhem os ombros perante nós e perante os outros. e é isso que fazem, ora encolhem os ombros ora fecham os olhos. Esses são os gestos de quem tenta limpar-se da moralidade e de quem quer ignorar e de quem não quer saber do rosto além do nariz. Esses são ainda mais pobres que nós.
São pobres de espírito, pobres coitados. Mas desses não tenho pena. Porque esses criaram a lama e o lodo onde vão vivendo e passando estes anos.
E nós seguimos, desfilando pela paródia e pelo circo e vamos ver a Lua e vamos ver as casas e voamos sem asas e vemos sem olhos e sentimos sem tocar e choramos sem lágrimas e amamos sem paixão. Somos o coxo que corre sem pernas, somos a luz que arde sem fogo e somos o mudo que grita sem voz. Somos mais do que aquilo que nos deixam sonhar sermos e assim somos e assim vemos e assim sentimos e assim vivemos.
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