Neste dia o mundo festeja o dia em que tu chegaste à Terra e ainda não sabias nada. Nessa altura, nada te disse, o mundo, porque tu ainda não eras tu e ele não tinha modo de saber quem tu serias. Depois tu cresceste e continuaste a fazer anos e a festejar esse dia em que tu nada sabias mas que chegaste à Terra, mas, ainda assim, o mundo não tinha como saber quem tu eras e deixou-te a festejar sozinha. Hoje, o mundo és tu. Hoje, festejamos, pela décima oitava vez, esse dia em que apareceste perante a luz e as cores e os festejos e o frio e a fome e o desconforto. Coisa tola de se festejar, enfim, tu festejas, é como uma desculpa para ser e não ser. Um dia, quem sabe, há-de o mundo festejar este teu vigésimo terceiro de Novembro, só que o que te há-de valer? É que, por essa ocasião, já estarás morta. E ninguém festeja os aniversários antes de morrermos, pelo menos não os dos escritores. São datas fúteis. Serão? Depois, quando já não vos vemos, é que se lembram das homenagens.
Oh, repito, têm algo a dizer, contem agora! E depois esqueçam que existi, depois de existir! Aproveitem o que vos hei-de deixar do modo que preferirem, porque já não me podem prejudicar. Plágios e tudo o mais, que mal me farão à consciência se ela já não há?
Esqueçam-me, post-mortem. Recordar é sofrer, porque eu não existo mais. Se não estou no presente, convosco, celebrando, então esqueçam o passado e desprendam do passado. Festejem hoje, como tu fazes, Adriana :D Parabéns, Parabéns!
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