O mundo é uma ferida na face das pessoas, porque é o que lhes oferecem quando nascem e elas o odeiam. Fingem que não, porém. Fingem tudo belo e tiram milhentas fotos. E o que são fotos que não prisão?
E o que não é fogo senão ferida nas faces das pessoas?
Contigo levas nada e vais sozinha. E ir sozinha é medo e é triste…
Mas não era, pois não?
Ser não sozinha é prisão e também é triste.
Tu hoje és flor, mas durante quanto tempo serás flor?
Hás-de cair, porque as flores duram pouco e são frágeis…
Hás-de cair porque todos os dias te vez ao espelho e vez com os teus verdadeiros olhos esse golpe de alto a baixo que é a desilusão que o mundo te deu como presente de nascimento e de existência… nula.
Podre.
Fétida.
Pobre.
Esquece, olha, tudo se há-de resolver sem tu seres mais flor. Ajuda a sarar as outras pessoas. Assim será porque, não te mintas, foste talhada para isto, para entreter e ajudar e não te mintas, porque achas que sabes fazer tanto?
O violino e o origami e a ginástica e o desenho, que é tudo isso senão entretenimento para sarar as faces? Que é isso senão enternecimento desigual por tudo o que existe?
O mundo não é uma ferida, as pessoas é que o julgam assim.
Enterte e enternece. Dá consolo à existência das pessoas.
E à tua.
E sê positiva, por um texto que seja.
Sê fresca como a brisa, encantada como a moira.
E sê a glória que a todos falta.
Sê mais que a esperança: o objecto de espera.
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