A vida não vale a pena.
E esta é a triste verdade de todas as coisas.
A vida não vale a pena. E não podemos fugir dela.
Mas, oh triste e vã esperança de um sentido, só que não existe.
Não há mais que oco. Oco. Oco. É o fim mas não é o fim. Querias fim, mas não podes.
A vida não vale a pena. E tu nada podes fazer. A vida foge por entre os dedos.
Querias tu. Mas não. Tens de a viver e sofrer com os outros.
Tens de ir com os outros sofredores. A adivinhares o final.
E tu já só vês o final. Só queres fim. Finito.
Mas finito não há. Não mais.
É uma tormenta.
É tortura.
É a tua desgraça.
Em forma de corpo e carcaça física.
Em forma de átomos, de vasos e sangue,
De frescos químicos à força da electricidade.
De vontade vontade vontade. Só que vontade não há.
Porque a vida não vale a pena e a vida está fora de moda.
E tu sabes e não queres mais, só que isso era egoísta e as pessoas.
Oh, as pessoas. Como mandam e são cegas e buscam sentido que não há.
E, assim, encaixam em modelos de sentido por outros ditados, sentido que não há
E muito menos é verdadeiro. Encaixam e os modelos dizem que vale sim a pena
Então repudiam-nos pelo nosso pensamento e chamam-nos egoístas
E nós não podemos partir sem eles, porque seriamos egoístas.
Eu quero, mas não posso, eu quero e não aguento.
Eu tenho de aguentar. De cabeça baixa,
Para sempre caloira da vida.
Sempre a perder.
Sempre perdida.
Sempre na merda.
Sempre cumprindo.
Sempre mobilizada.
Sempre chorando.
Para sempre viva.
Mas que vida?
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