This night could be magic

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Look to her smile
Isn’t she gorgeous?
Look to her eyes
Isn’t she beautiful?
How couldn’t I love her?
How couldn’t you love her?
She’s smiling
She’s smiling to everyone
She must be some Queen....
The Queen of the Seas, maybe,
Yes, she could be
Every time I see her, I cannot look other way
I wanna kiss her
I wanna kiss her
But she hides, she smiles and hides
I wanna scream
I wanna cry
Where are you?
I love you!
How couldn’t I?
She’s so beautiful, so gorgeous
Look to her smile, look to her face
She’s so perfect
She’s a perfect sculpture
Tonight I won’t miss you
Tonight I will kiss you
I love you! I love you!
I scream it to you
I scream it up to you in the sky:
I LOVE YOU, MOON!

Bonito

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Eu amaria cantar assim.
Eu deveria treinar?
Eu sei.
Juntemo-lo ao "piano", "violino", "ginástica", "caligrafia", escapa-me algum?

Pequenos Factos

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“Mamã, há pessoas no meu quarto
Há pessoas a voar no meu quarto
Eu não tenho medo deles, não mãe,
Eles voam e eu gosto do modo como eles voam
Eu quero dizer olá, mamã, posso?
Posso dizer olá às pessoas que voam no meu quarto?
Elas são tão pequenas,
Eu sou tão grande comparada com elas
Mas elas não me ouvem a dizer olá
Nem me vêem a acenar
Porquê, porquê, mamã?
Eles parecem tão bonitos,
Olha, mal tocam no chão e voam
Assiiiiiiiiim
Vês como te digo?, é assim que eles voam
E são lindos, são lindos,
São pássaros acrobatas, mal tocando no chão
São pássaros humanos,
Graciosos, ágeis,
Belos, belos.
Como hei-de explicar, mamã?
Parece-me que não há explicação
Como gostaria de saber voar assim
Assim”
[Ela abana os braços como se fossem asas num espaço mais alto que aquele onde estava, metros mais alto.]
[Anos mais tarde dirá]
“Quem me dera que as ruas fossem trampolins e que pudéssemos saltar como pássaros de um lado para o outro.”
[Acompanhará estas palavras de olhos abertos, vendo as ruas, mas distante, arquitectando tudo no seu modo livre, em que a gravidade deixa de ser um obstáculo ao voo e passa a ser o sua maior aliada. Acompanhará estas palavras com um sorriso fresco e gotas de chuva rolando pelo nariz.]
[Dentro de poucos dias, há-de escrever palavras que começarão assim]
“Por um momento, gostava de saber, para além de quem sou, que tipo de inteligência criativa tem o ser humano. Olho à minha volta e não compreendo. Talvez seja da idade, à qual tantos se prendem, que ainda não me permitiu amadurecer o suficiente para que eu perceba, enfim, coisas de adultos. Coisas de adultos. Não compreendes porque és muito nova. Achas que era bonito as pessoas andarem por aí aos saltos cada vez que lhes apetecesse, Diana? Achas que era bonito fazermos todos figura de palhaços?
Acho.”

Tentando saber quem sou

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Para que nunca ninguém se esqueça de quem eu sou:


Eu não sou o meu nome!
Uma parte de mim é influenciada por ele, mas não todo o meu ser.

Eu sou quem sou, mas saber quem sou é tão difícil,
Que escrevo, escrevo
E escrevo, até querer descansar,
Até estar perfeitamente farta.

Farta?
Nunca me farto de escrever
A escrita faz muito mais parte do que sou
Que qualquer nome.

Escrita enraizada
Fabulosa escrita.

Para que nunca ninguém se esqueça de quem sou, vos digo:

Sou uma péssima pessoa segundo os vossos habituais parâmetros –
Não acato as regras, as leis, as normas,
Não falo, nem paro de escrever,
Não odeio as bruxas, nem adoro as princesas,
Não gosto de roupas nem de sapatos a tentarem definir quem se é
Não gosto de telemóveis nem de telefones
Não gosto de programas ocos de significado, nem detesto a censura,
Acho que o 25 de Abril foi uma perda de tempo e de recursos
Que apenas serviu para estupidificar todas as mentes,
Penso sozinha,
Odeio quase toda a gente,
Amo mais todas as restantes espécies que a minha,
Amo as pessoas por serem como são e não pelo aspecto que têm,
Adoro matemática e adoro física e acho que são a base de tudo o que se conhece,
Adoro francês e não inglês
Adoro música com alma e significado
Odeio a desprovida deles
Vejo os filmes errados
Leio os livros errados
Faço tudo ao contrário e questiono tudo
Não acredito no livre arbítrio, nem no acaso
E acho que a vontade própria é uma ilusão
Não tenho a certeza se este mundo é real
Não tenho a certeza do que real significa,
Tenho uma gata preta, parti um espelho, não vejo mais azar
Do que o que já existe,
Vejo o sofrimento dos que sofrem, mas nem de longe o sinto e,
No entanto, preocupo-me e choro por eles,
Receio pelas árvores arrancadas contra sua vontade
Receio pelos animais, receio pelos seres vivos,
Odeio e amo a humanidade,
Sonho matar todos aqueles que se deixam viver,
Digo que eles apenas se deixam morrer
Sonho torturar todos aqueles que o merecem,
Adoro o frio, detesto o calor,
Adoro a natureza, detesto o cimento,
Adoro o som da água, odeio o álcool,
Tenho ideias erradas,
Apoio as pessoas erradas
Venero o suicídio colectivo
Questiono a educação
Acredito que o mundo não vai sobreviver a este século
Odeio robots
Adoro ópera, adoro sopranos,
Odeio futebol,
Adoro teatro, odeio novelas
Adoro o Inverno, acho que o Verão é inútil
Prefiro os fjords da Noruega às praias das Caraíbas
Adoro o Outono acima de todas as estações
Odeio centros comerciais, odeio multidões, odeio consumismo
Odeio poluição, tenho medo de carros,
Odeio aviões, adoro comboios
Adoro abismos, adoro ter ideias
Adoro overdoses d’imaginação
Adoro paradoxos
Adoro cobras
Adoro crocodilos
Odeio existir.

Isto tudo para que as pessoas compreendam que fui mais que uma menina calada e sossegada. Para que saibam ver, finalmente, quem sou. Para que me saibam ler os lábios, para que adivinhem em que estou a pensar. Para saberem o que estou a tocar. Parabéns, encontraram-me, esta sou eu. Esta sou eu e chamam-me Adriana.

23ª mensagem (roubada ao Culpa)

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23 te digo, como um nome bonito, 23 é meu 23 somos nós,

23 23 como te digo 23, 23 era meu,agora meu só não pode, não pode só meu ser.

não perdi, só ganhei, mas não sei se sei bem que ganhei, porque o sofrimento também é ganho, nem sempre ganhar é bom,

mas somando tudo parece-me bom, parece-me que, de qualquer modo, ganhei, tu também, ganhámos os dois, não empate, porque ganhámos, porque não é preciso ser só um a ganhar,

às vezes partilha-se. assim deixamos o ganhar só um e ganhamos todos,
não é bonito, não é adorável? este é para se ler depressa, porque o estou a pensar depressa e tento escrever depressa, não quero deixá-la,

abandoná-la outra vez, amo-a, inspiração, inspiração, foge-me entre os dedos, quando me roça só a quero abraçar e dizer-lhe amo-te

mas ela foge, foge, corre esconde, mas isso agora não importa
porque tenho o 23 comigo e o 23 é sempre motivo de inspiração
porque tenho alguém comigo, apesar de agora estar sozinha,

porque estou a libertar-me do pensamento,
porque estou à procura de overdose
d'imaginação, d'escrita,

eu espero, eu espero, mas se paro, desespero,
tenho medo, porque tenho de ir dormir outra vez?
e repeti-lo outra vez?
e outra vez será outra tormenta, mais desespero

oh, como odeio que me repudiem pelo que sou,
pelo que gosto,
como odeio que me encham de etiquetas
"autora", "editora",
eu sou escritora,

eu sou escritora

eu sou escritora
EU SOU ESCRITORA
EU SOU ESCRITORA, OUVIRAM?
EU SOU ESCRITORA
EU SOU ESCRITORA!
EU SOU ESCRITORA!
EU SOU ESCRITORA!
EU SOU ESCRITORA, OUVIRAM?

ESCRITORA.
EU ESCREVO
EU AMO ESCREVER,
E AMO TODAS ESSAS SENSAÇÕES
DESESPERADAS QUE SE NÃO DIZEM
QUE SE CALAM
QUE SE ESCREVEM

Porque só escrevendo, lá chego.
Amo-vos sem escrever,
mas escrevendo,

não fica mais bonito?

(Lindo, adorável.)

Noite lá no cimo

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o céu, fazes assim, deitas-te no chão, esperas que anoiteça, ao som dos teus colegas a cantar e tocar guitarra, a Lua vai ficar no canto direito do teu angulo de visão, as estrelas em todo o lado e vão cada vez parecer-te mais, esperas, respiras, vais ouvindo, até podes cantar uma ou outra com eles (até foste tu que sabias de cor a do cuco que não gostava de couves), mas não tires os olhos do céu,
senão deixa-las escaparem-se, toma atenção e cuidado, vão aparecer no meio daquele repouso absuluto que te parece o céu
mas o rio agora não se ouve, porque o rio está lá em baixo e tu não estás lá em baixo com o rio, estás no topo da serra, estás no topo do mundo, estás ao pé da Lua, estás a falar com as estrelas
mas quando a noite se acabar, podemos descer e ir ouvir o rio

(Feito com base em perguntas perguntadas no msn, daí não fazer sentido)

Segundo Manifesto Outono

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"o que vês agora?"
agora vejo o outono, mas o outono está longe, só que isso é apenas na minha cabeça, na minha cabeça é que não vejo nem sinto o outono, e o que manda agora é a minha vontade e a minha vontade diz: é outono, queres saber o que vê a minha vontade?
"quero"
vê uma rua e duas meninas
vê um grande castanheiro
castanheiro castanho, com folhas castanhas, com castanhas no chão
e as meninas vão à procura de castanhas, o castanheiro é enorme, dá para toda a gente
abrem ouriços, à procura de castanhas, enchem os bolsos, de manhã, antes de irem para a escola, à tarde, quando voltam, até à noite, só veem castanhas
castanhas e folhas, que também são castanhas
se não choveu, é dia de juntar todas as folhas
montes e montes de folhas
como se fossem serpentinas, como se fossem uma grande festa
no final, atiram as folhas à rua
e os carros passam e elas voam e voam
e as duas meninas fingem que voam com elas
agora, noutra rua qualquer, as árvores enchem-se de cor
verde, vermelho, amarelo, laranja, castanho, roxo
à folhas cor de violino
depois vem o vento, muito vento, sempre na altura certa
quando ninguém estava à espera
e, quando as meninas saem da escola, as ruas estão cheias de folhas, os carros estão tapados por folhas, parece um rio delas invadindo a vila das duas meninas
depois são os anos de uma e mais de um mês depois, da outra, mas é sempre outono, elas saem a pregar partidas aos colegas que as vieram visitar, porque aquele é o mundo delas, de ambas
gora vejo o agora
o castanheiro mantém-se, intacto
às vezes, adoro subir ao pé do tronco, e ficar naquele lugar escondido que parece ser feito para mim, quando os troncos se juntam e me deixam sentar
só falta a outra menina
e a infância
e os trabalhos de casa excessivos
e a vontade de apanhar castanhas
mas a melancolia também é bonita, não achas?

Aos 5o Ventos

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Nesta noite morri para os versos conjugados de sempre, olha queres que te diga?, claro que concordo com a censura, à coisas que não deviam ser públicas, que estupidificam as mentes, que não servem, que são ocas, e não são poucas, são putas ideias, como as odeio e como deveria haver um maldito mecanismo regulador e selectivo, bolas, emparvalhados e emproados que se pavoneiam por corredores de estudios de tv e por corredores de estudios de gravação e por corredores cheios de fotografos, pavoneiam-se pela passadeira, até à apresentação do seu novo livro que não é livro, é lixo, é traste, é sujo e é editado, publicado, difamado aos cinquenta ventos e todos gostam e todos amam, todos amam o lixo que não compreendem, mas fingem que gostam para parecer que sabem, mas não sabem nem querem saber, porque não é deles, mas é comigo, e se é comigo eu digo CENSURA SERIA BEM VINDA A ESTE PAÍS mas não este tipo de censura, que deixa escapar lixo e detém o que tem sementes, que enche as cabeças tão influenciaveis de tretas sem nexo,
que, bolas, odeio
odeio e estou farta
e não posso,
e não quero mais

bolas, acordem, pessoas, queiram acordar, queiram acordar!!

Telas de desatino

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Pinceladas cor de sal.

Pinceladas cor de neve.
Pinceladas cor de vidro.
Pinceladas cor d'açúcar.
Pinceladas cor de nuvens fofas.
Pinceladas cor da Lua.
Pinceladas cor do papel.
__________

Pinceladas cor da noite.
Pinceladas cor de breu.
Pinceladas cor de corvo.
Pinceladas cor do céu.
Pinceladas cor de carvão.
Pinceladas cor de tinta.

__________

Pinceladas erguem paredes
erguem portas e horizontes, erguem
escadas, erguem placas, erguem
palcos, erguem palácios,
erguem barcos, erguem árvores,
erguem forcas, erguem
sentenças.
Pinceladas dadas
nas mãos erradas erguem
preconceitos.

~Quando o choro é sério~

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Doem-me os olhos de tantas lágrimas, dias e dias, noites e noites, no chão, tentando agarrar-me à vida, mas a vida está lá, então o que vejo, o que vejo? Que choro eterno, desabandonado, há-de haver sempre lágrimas nos meus olhos, lágrimas escorrendo, quando sorrir hei-de desfazer-me em lágrimas, lágrimas de compaixão, de dor que é parte minha, de dor que é tanta tua, demasiada dor que é tua, passando pelos tristes arcos, dor da despedida da inocência, dor da inocência despida que, uma vez despida, deixa de ser inocência. Dor e medo das sombras que passam, mágoa e ódio e sal a lágrimas.

E cinco feridas.
E tolos pensamentos de esperança, tolos como aqueles que tinha quando a minha bisavó ainda era viva mas de nada se recordava, aqueles tolos pensamentos, tola esperança de ela estar a fingir para um dia levantar-se e segredar-me o grande segredo da sua vida.
E, naquela noite, eu mal acordada, dizendo disparates com voz dos sonhos, mas era o meu pai, com um sorriso triste na cara, que mo disse e repetiu, porque eu, apenas o negava, "a avó Gertrudes morreu." e eu Não, Não, Estás a mentir, Não estás?, desesperada, de mim, nada mais restava, em pranto, toda a noite, despedaçada.
Ardem-me os olhos, como duas feridas abertas. A minha alma está ferida.
Assim choro.

Assissassinando Hoje

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Hoje, hoje, hoje sinto-me particularmente irritada.
Parece feio, parece tudo feio.
Parece grande dor de cabeça a flutuar acima de mim.
Hoje, hoje, tremenda imensidão de um navio que naufraga.
O hoje é de quem o passa.

Quem passa hoje?
Onde estás hoje?
Hoje, hoje já não faz sentido,
Já nada promete hoje ser hoje
Hoje já não quer ser hoje,
Hoje quer ser hoy, ajourd’hui, today
Hoje não quer ser hoje, porque hoje
Soa a tremendamente excessivo
Hoje não descança, porque hoje não há descanço

Hoje não sorri, porque hoje quer gritar
Hoje não quer mais hoje
Quer outro dia
Mas hoje vai ter de suportar hoje
Porque o tempo manda que seja sempre hoje:

Assim seja,
Hoje será, para sempre.
Será, para sempre, hoje.
Até que o fim derreta o tempo.




Condenados até ao fim
A ser hoje.

Hoje é e não existirá mais dia que não seja hoje.

Fábula, no entanto floresce.
Vamo-nos livrar do hoje?


Hoje já não é o mesmo hoje de à instantes
Porque hoje já não quer dizer hoje.

Já não há hoje,
A partir deste momento, declara-se que não há hoje.
A partir deste momento
A partir deste parágrafo
Não haverá mais hoje.

Hoje acabou,
Hoje morreu:
Só há agora.

Assissassínio das Horas Vagas

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Tic toc
para o que sinto.

Tic toc
para as palavras

Tic toc
para as horas

Tic toc
para as horas vagas.


O pequeno passarinho desiste e renuncia
ao prazer delicado de bater as asas

O vento forte que o derrete
Que o envolve e devolve à terra
É vil, é diabo,
É vento amargurado,
É contra e sempre contra.

Passarinho desiste de lutar.
As asas partiram-se em cacos,
Estilhaços de penas

Passarinho amargurado
Não bate mais as asas
Amargurado pelo vento contra
vento sempre contra...


Passarinho é farto de estar sozinho
Ou talvez
Passarinho está farto de ser sozinho

Passarinho está sempre parado,
Mas o vento continua contra, sempre
sempre contra.

......
........
..............
........
..........
.....

Foge passarinho!
Mas passarinho não foge,
passarinho desistiu,
farto farto

Passarinho não quer perder mais tempo
Passarinho está farto do temporal
Passarinho, lutando contra o vento
Passarinho desiste e chora,
chora, chora choro,
porque deste passarinho, só será recordado:
nascimento e funeral.





Malvadas horas vagas impostas por quem não se importa por nós, quem somos, como somos, se pensamos, querem apenas escravos da sua vontade, por sua vontade e ninguém será libertado, não há fim até ao verdadeiro fim e o fim será apenas fim e do fim, nada mais. Nada, nada, assim:


(finito)

_________________________

Como vos odeio mentes apodrecidas
Gentes moles com cérebro em frasco
Que dos outros só querem aquilo que
[querem
E todos condenando todos
De uma vez
Sem excepção.
Obrigando-me agora
Perder tempo.

Perder tempo.

PERDER TEMPO.
Tempo daquele tempo que não regressa
Tempo daquele tempo que não volta atrás
Tempo como todo o tempo.

Malvadas pseudomens!

Assissassinando Papel

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Folhas de papel

papel que desintegra.

Que quão típico desperdício de folhas de papel, nas matrículas, em tudo, sem tudo, com nada

Pós de fada (pós de fada?)... reencontrada uma antiga folha
perdida na imensidão de...

MAS NÃO!
NÃO!
É MENTIRA!
não encontrei nada.
sem nada
que desperdício de positivo espaço
espaço branco
que de branco passa a rabiscado,
rascunhado por traços ditos traços
PAPEL ESFAQUEADO PELO APARO DA CANETA,
SANGRANDO AZUL, AZUL EM TODA A PÁGINA,
AZUL ESCREVENDO
AZUL RISCANDO
Azul, os meus textos são azul
Os meus textos são tinta permanente
Os meus textos são permanente azul.
E o papel assim sangra...
em azul.

Excerto de um texto aborrecido

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As pessoas nada de interessante têm a
dizer, então repetem-se.
E repetem.
E repetem.
E repetem. E falam do tempo.
E falam da saúde da outra.
E dos filhos deste.
E desta ou outra notícia.
Fazem-no na perfeição.
É como um dom.
Que eu não tenho.
Depois chamam-me mal educada
e antipática.
Que temas de conversa desagradáveis.
Ou então nada sabem
e calam-se. Limitam-se a existir.
Eu perco sempre.
De vez em quando, aparece alguém.
E eu, farta, disparo tudo.
Quando ninguém aparece, esfaqueio
o papel com a caneta.

No papel abrem-se feridas
cor de azul.
O papel sangra azul.
E as feridas, uma vez
expostas, não se dignam a sarar.
Que noite, enquanto pisco os
olhos. FIM.
Podem bocejar.

pequeno petit poema fingindo-ser-poema

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Ynot ynot, nome da sorte
ou da morte
da esperança de mudança

ynot ynot Anar
Amar-te ynot
é certo
(nunca sonhei estares assim tão perto)

Adriana Gaspar de
Matos não
Omite:
- há um rio que corre mais leve,
Ter-te conhecido é
Estonteante.

dias passam sem que queira,
mundo sorri, mas nunca para mim
odeio profundamente esta nojeira
este lodaçal oco de gente sem fim.

ynot, tu apareceste:
não és principe encantado,
és muito mais,
és a alma que tenho em vão procurado
e que, sem receios nem hesitações,
se veio sentar a meu lado.


meu irmão, vem comigo, de braço dado
imaginar o monstro de sociedade enterrado
afundado, afogado

(O.o estripado, despedaçado,
desmembrado, comido e vomitado)

[esmiuçado nunu]

ynot, ynot anar
que é feito do sentido de quando estava só?
(mantém-se, sim, mas está ampliado,
tudo tão ampliado, tão significativo,
valorizado)

doce saudade,
espezinhando a minha espécie:
dolorosa maravilhosa saudade
tristeza infinitamente bela
lágrimas plácidas vão perseguindo os meus olhos
e o mundo adquire aquela tonalidade
de melancolia que lhe faltava.

Despertar (pessimista)

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acordar amanhã e dizerem-me
"pronto, acabou, pode-se levantar."
"já pode ir embora"
e eu ainda neste sonho a piscar os olhos
a perguntar "posso levar alguma coisa comigo?"
e eles a dizerem-me "é tudo falso. às vezes demora-se algum tempo a recordar"
e eu "mas a minha bisavó guerta e o bisavô toni, posso ve-los?"
"e o meu pobre snoopy, onde está ele?"
e eles "vamos leva-la a ver um video, para tentar avivar as memórias passadas"
e eu "mas a mamã e o papá não vêm?"
"vou deixar a pantera para trás?"
"e o violino? e o piano?"
eles decidem-se "abra os olhos!"
eu abro
"não vejo nada"
"branco?"
"sim"
"então não há mais nada para ver"
"estivemos a simular a sua vida e agora a experiência terminou"
"aliás, voce pediu para acordar, há uns meses"
e eu começo a chorar
porque pensava que a verdade depois do despertar seria mais verdadeira, mais clara
assim branca
mas não tão
assim
pensei que as palavras já fossem excessivas
e, afinal, é um mundo tão oco como o nosso
e essa sombra assombra-me, agora.

três tristes desabafos

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tens noção de como estou agora?

não estou a chorar
e também não estou alegre

estou só a pensar e
o mundo onde estou dá-me vontade de chorar

no entanto, agora, estou
só a estar

só a existir-não estou alegre
mas também não estou triste

estou oca.

Sinto-me oca de personalidade,
sinto-me trancada num circulo e só
quero ir embora.


Neste momento estou a deixar os dedos
deslizarem pelo teclado

a compôr por palavras os
meus sentimentos.


Sinto-me oca,
mas estar sozinha nunca me fez

antes confusão.



Estou oca porque
não serve.

Esta vida, isto tudo.

Não serve.

Não serve e não
gosto.


E assim estou oca.

E só, mais oca ainda.


Só só só só.

Só existindo.


Onde é que estás?







tens noção de como estou agora?

estou à beira das lágrimas, ao lembrar-me de tudo

de tudo o que existe, de tudo o que me falta para
poder abandonar esta tristeza

e esse tudo é o tudo de todos.


estou à beira das lágrimas, apesar de,
ainda à 5 minutos, estar

oca, vazia, sem personalidade,

mas bastou-me ver um sorriso para logo de
seguida ficar à beira das lágrimas.




olho à minha volta: é a isto que estamos condenados. quando nos fartamos de viver com os outros, acabamos por nos fartar de viver connosco mesmos. e eu sempre pensei que pudesse resultar, que eu conseguisse viver comigo, que não seria uma desilusão, mas olho para mim e o que vejo? esperança, nada mais. esperança que não é mais que estar à espera. espera de quê? de morrer para isto tudo.

A História Aleatória

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gora vou tentar escrever aleatóriamente
estava um lindo dia no país dos brinquedos
então, surge o noddy no seu porche amarelo descapotavel telecomandado
onde vais noddy? perguntou a ursinha teresa
vou matar a branca de neve que está presa numa torre
disse o noddy
mas quem está presa na torre é a rapunzel, noddy. acho que estás a ficar confuso
já agora, onde encontraste esse carro?
roubei-o à cinderela
ela pediu-o como presente de casamento à fada madrinha
ela é uma miuda mimada que desde que casou com o principe pensa que é superior a toda a gente
e quer sempre tudo
e, como tem uma fada madrinha, pode ter quase tudo o que queira
ODEIO A CINDERELA!!!!! exclamou o noddy
sabes quem roubou um porche amarelo descapotavel? em italia?
perguntou a ursinha teresa
não. quem foi? roubou-me a ideia
foi a alice
a alice? e o que foi a alice fazer a italia? o cheshire cat foi de férias?
não sei, mas parece-me um pouco estúpido comentou a ursinha teresa
e por que seria amarelo? para combinar com o cabelo?
talvez
ainda bem
olha, a branca de neve combina com esta história
o vestido é amarelo, como o meu porsche, e azul, como o meu chapéu.
e as gotas vermelhas combinam com o sangue que há-de jorrar a potes depois de eu a matar
e o senhor lei não irá atrás de ti, noddy?
eu digo-lhe que a culpa foi do dono da agência funerária
mas não seria mais lógico culpar a madrasta?
então, o noddy caiu no chão a chorar
NÃO! A MADRASTA NÃO!
que aconteceu, noddy?
eu apaixonei-me pela madrasta, ursinha teresa, nunca poderia culpa-la por um crime que não cometeu
pronto, pronto, noddy, there there.
vamos culpar o dono da agência funerária ou o coveiro
vamos deixar a madrasta fora desta história, não te preocupes

Como eu gosto de dizer

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(contexto igual ao da mensagem anterior)


E agora eu.

"Os Noivos blá blá obstáculos."
A Noiva sorri. Sorri porque a música já está a tocar. E toda a gente lhe diz que é muito bonita, muito bem escolhida. Mas apenas ela e o Noivo a conhecem. O instrumental de "Dizem que não sabiam quem era", tocado pela própria Noiva.
E sentia-se feliz com a ironia que iria ser o seu casamento.
-Não estás feliz?- perguntou ao Noivo.
E ele cabisbaixo.
-Que foi?
-Talvez devêssemos ter escolhido outra música.
Começou a sentir um aperto no estômago.
-Que queres dizer com isso? É perfeita para esta cerimónia.
Ele hesitou.
-Talvez não seja assim tão perfeita.
-Ora, é um pormenor. Decidimos fazer um casamento perfeito porque só algo que parece o que não é pode ser como é por tantos sonhado, porque não há perfeição pura.
-Então talvez devesse ser.
-O que é que estás a dizer.
E a Noiva virou-se para a frente.
E o Noivo prosseguiu.
-Que às vezes até os fingimentos não correm como previsto.
A Noiva voltou a olhá-lo com uma pergunta na cara. Aquele casamento fora planeado fora planeado pela Internet, já há quantos anos, quando chegaram à conclusão de que só poderia resultar um casamento que não é , seja, se não se amassem à partida, estaria tudo bem, como amigos de longa data que vivessem juntos para se ajudar. E cumpriam a sua função na sociedade.
Só isso tinha de ser perfeito, todo o resto, a cerimónia, o tudo, era tudo fantochada.
Então, num instante ela compreendeu aquele olhar culpado.
-Por favor, diz-me que não.
Mas sabia que era verdade, não havia como fugir.
Angustiada, sentiu os olhos a encherem de água.
-Tu amas-me, não é verdade?- mas que pergunta inútil, quando lhe podia ler a cara. - Por favor, diz-me que não.
-Desculpa. - foi tudo o que o Noivo conseguiu dizer.
-Não, não, não- murmurou a Noiva baixinho.
E assim e a chorar, saiu da Igreja para se ir abraçar a uma árvore e chorar. Como outrora, no vale do Reno.

Como eu diria

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(contexto: Os Noivos estão na Igreja (ou na Conservatória) e tudo é perfeito: estão presentes os familiares e amigos, não houve atrasos, não houve obstáculos.
No entanto e de repente algo inesperado acontece e o casamento não se realiza!

O que aconteceu?

*Modalidade: narrativa
*Limite: 350 palavras)


Texto:
Ao estilo de nahaia com 10 anos. Ou seja, completamente influenciada por aquilo que vejo à minha volta e que as pessoas de fora não sabem.

"Os Noivos blá blá obstáculos."
Estamos em França, vale do Reno. A 30 km daquele preciso local estão a efectuar-se estudos para o apoveitamento de energia geotérmica (calor do interior do planeta). Inseriram-se litros e litros de água (líquida) no solo para que a rocha a aqueça e volte a sair em forma de vapor de água. No entanto, a água infiltra-se numa falha tectónica ali perto, actuando como lubrificante, provocando um pequeno terramoto.
Naturalmente, este é sentido na igreja do Casamento Perfeito-Até-Ver. Apesar do abalo, tudo se mantém intacto. Ou pelo menos, assim aparenta, até que se ouve um estilhaçar do vitral da parede Este.
O mais recente, pouco valioso, pequeno.
Mas o seu autor encontra-se naquela mesma igreja e, furioso, grita aos noivos que a culpa é deles, que Casamentos Perfeitos-Até-Ver não devem existir, são uma ofensa a Deus, que é maneta. E grita também ao convidados que manifestem a sua imperfeição.
E na multidão uma menina pequenina que não gosta de casamentos e que sou eu diz bem alto que sempre odiou a Branca de Neve e que chora quando a Rainha morre e que não gosta daqueles que maltratam o ambiente, especialmente com coisas tão inúteis como casamentos, que é só ajuntarem-se duas pessoas na mesma cama, mas oficialmente, para quê tudo aquilo e diz tudo em francês, porque só tem 350 palavras para contar a história da sua pequenez e farta de casamentos assim sai da Igreja que é um desperdício de recursos e vai para ao pé das árvores chorar com elas e falar com elas para alimentar os primeiros sinais de esquizofrenia.
E então um dos trabalhadores da central geotérmica encontra uma menina sozinha e abraçada a uma árvore e a chorar que sou eu. E é assim que volta para o seu escritório e daqui a 5 minutos o casamento é cancelado por desperdício excessivo de recursos naturais.
"Noivos multados por crime contra ambiente."

Regresso a EP

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O homem da recepção é amável, mais amável do que o habitual na recepção os hotéis. Lembrado que já aqui estivemos há dois anos, previne-nos que no número 216 se ouve o gotejar de algum cano mal amanhado, no 323 não passa um dia que não aconteça uma desgraça e que todos os restantes quartos estão ocupados.
-Temos, também, um psiquiatra, no 3º andar, que costuma receber os seus pacientes no hotel. Não é permitido, mas ninguém o sabe ou fingem não saber.
Depois, acrescentou num tom mais baixo:
-Consta que recebe doentes mentais.
O meu marido franziu o sobrolho naquele gesto tão característico de desaprovação. O homem da recepção acrescentou, ainda, um sorriso.
-Como muda o mundo em dois anos...
-Ficamos com o 323.-disse, recordando que queria, precisamente, curar as minhas enxaquecas e que um gotejar pela noite fora só poderia agravar a situação.
Subimos pelo elevador que, pelos vistos, já estava consertado. De algum modo, a bagagem chegou antes de nós.
O meu marido, que não é mesmo meu marido, só a fingir, para enganarmos os polícias da imigração, o meu marido encolheu-se ao entrar no quarto 323. Era efectivamente diferente do de haviam dois anos.
As paredes estavam pintadas de gatos, gatos pretos, mas não como em pinturas normais, mas grotescos, medonhos, tentando cativar a presa ou cravar-lhe as unhas. Dei comigo a adorá-los.
Nisto, um sentimento familiar, meio nostalgico, de curiosidade atrevida apoderou-se de mim e deixei o meu marido que não é meu marido a bocejar naquele quarto salpicado de gatos.
Fora o homem da recepção que mo dissera, sem o outro o ouvir. Então foi para lá que me dirigi. Não estaria interessada em psiquiatras, ora, claro que não.
Cruzei-me com ele no corredor. Quem mais poderia ser?
"O meu sorriso é demasiado disforme, os meus gestos são demasiado abertos, a minha presença demasiada."
Quem mais poderia ser?
Larguei, naquele momento, toda a minha vida fútil de enxaquecas e nada mais que um sério absolutamente doloroso, rígido e absurdo, para dar o braço ao meu companheiro de toda a vida.
Fui, de braço dado com Edgar Perry, fazer chover no quarto dos gatos.
Abençoado homem da recepção, por saber ler corações.