Assissassínio das Horas Vagas

Tic toc
para o que sinto.

Tic toc
para as palavras

Tic toc
para as horas

Tic toc
para as horas vagas.


O pequeno passarinho desiste e renuncia
ao prazer delicado de bater as asas

O vento forte que o derrete
Que o envolve e devolve à terra
É vil, é diabo,
É vento amargurado,
É contra e sempre contra.

Passarinho desiste de lutar.
As asas partiram-se em cacos,
Estilhaços de penas

Passarinho amargurado
Não bate mais as asas
Amargurado pelo vento contra
vento sempre contra...


Passarinho é farto de estar sozinho
Ou talvez
Passarinho está farto de ser sozinho

Passarinho está sempre parado,
Mas o vento continua contra, sempre
sempre contra.

......
........
..............
........
..........
.....

Foge passarinho!
Mas passarinho não foge,
passarinho desistiu,
farto farto

Passarinho não quer perder mais tempo
Passarinho está farto do temporal
Passarinho, lutando contra o vento
Passarinho desiste e chora,
chora, chora choro,
porque deste passarinho, só será recordado:
nascimento e funeral.





Malvadas horas vagas impostas por quem não se importa por nós, quem somos, como somos, se pensamos, querem apenas escravos da sua vontade, por sua vontade e ninguém será libertado, não há fim até ao verdadeiro fim e o fim será apenas fim e do fim, nada mais. Nada, nada, assim:


(finito)

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Como vos odeio mentes apodrecidas
Gentes moles com cérebro em frasco
Que dos outros só querem aquilo que
[querem
E todos condenando todos
De uma vez
Sem excepção.
Obrigando-me agora
Perder tempo.

Perder tempo.

PERDER TEMPO.
Tempo daquele tempo que não regressa
Tempo daquele tempo que não volta atrás
Tempo como todo o tempo.

Malvadas pseudomens!