Excerto de um texto aborrecido

As pessoas nada de interessante têm a
dizer, então repetem-se.
E repetem.
E repetem.
E repetem. E falam do tempo.
E falam da saúde da outra.
E dos filhos deste.
E desta ou outra notícia.
Fazem-no na perfeição.
É como um dom.
Que eu não tenho.
Depois chamam-me mal educada
e antipática.
Que temas de conversa desagradáveis.
Ou então nada sabem
e calam-se. Limitam-se a existir.
Eu perco sempre.
De vez em quando, aparece alguém.
E eu, farta, disparo tudo.
Quando ninguém aparece, esfaqueio
o papel com a caneta.

No papel abrem-se feridas
cor de azul.
O papel sangra azul.
E as feridas, uma vez
expostas, não se dignam a sarar.
Que noite, enquanto pisco os
olhos. FIM.
Podem bocejar.

1 críticas: (+add yours?)

Anónimo disse...

Perfeito poema, perfeita descricao das pessoas, que quando não teem nada para dizer em vez de ficarem caladas falam de parvoices como o estado do tempo...
e de coisas que não lhes dizem respeito.
Acredito que se cada ser fica-se por vezes calado ghanharia mais e tambem pareceria mais inteligente.
O ser humano é muito complexo mas tambem complica demasiado o descomplicado.